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Atitudes fundamentais treino mindfulness. Gratidão

Gratidão

A gratidão é uma atitude de humildade e reverência para com a realidade do momento presente. A gratidão suporta o treino da atenção plena, ou mindfulness, pois leva-nos a desenvolver contentamento perante as coisas tal como são. A gratidão nutre a nossa prática espiritual.
A pesquisa demonstra como a prática de gratidão ajuda a gerar emoções positivas e desenvolve uma atitude pro-social e de aproximação ao mundo. (Fredrickson, 2004b), (Emmons & McCullough, 2003; Krejtz et al., 2016)

 

Nada é garantido

Se repararmos bem, podemos dar-nos conta de que há tanta coisa na nossa vida que tomamos como garantido: o facto de estarmos vivos; o facto de respirarmos; o facto de termos um coração que bate; o facto de termos um cérebro que funciona, ou olhos que nos ajudam a ver o mundo, entre tantas outras coisas. Importa trazer consciência aos inúmeros fatores que suportam a nossa existência e bem-estar. Só pelo facto de existirmos nesta época da história da humanidade, só pelo facto de termos nascido no hemisfério norte, só pelo facto de vivermos num país europeu, só pelo facto de vivermos num país pacato, seguro e livre, ou por termos um teto acima da cabeça podemos considerar-nos privilegiados.

Há tanta coisa pela qual estar grato.

Quando acordamos de manhã, podemos começar por reconhecer como nos foi concedido mais um dia de existência neste planeta. Mais uma oportunidade de sermos os autores da nossa vida e de evoluirmos e crescermos. Quando nos sentamos para tomar o nosso pequeno-almoço, podemos reconhecer como por detrás de cada ingrediente há toda uma cadeia de pessoas que colaboraram para que pudéssemos usufruir desta refeição. O facto de estarmos a usar um computador ou telemóvel para ler este texto, deve-se a centenas ou milhares de seres humanos que fizeram avançar o estado da ciência e tecnologia até este ponto.

 

Tal como está chega

A gratidão surge naturalmente quando olhamos para o mundo a partir de um lugar de contentamento. Estar contente significa estar pleno, cheio ou repleto. Nada está em falta portanto. Estar contente com as coisas tal como estão, faz-nos experienciar a abundância, até nas coisas mais simples. Quando paramos de ansiar por algo que não está aqui presente, podemos sentir-nos gratos por tantas coisas que já aqui estão e que suportam a vida. Tal como está chega. É por isso que alguns autores referem que “a gratidão assinala o fim do desejo”. Ora, isto parece ir completamente em sentido oposto à cultura dominante, na qual vivemos num estado de constante carência. Há sempre algo que falta para estarmos bem. Há sempre mais um adereço ou uma comodidade, que, se conquistarmos, aí sim aproximamo-nos do contentamento.
A abundância que é acessível a todos, não é uma abundância material ou externa. É antes uma atitude interna sintonizada com a vitalidade do momento presente.

Como nos diz o poeta Mark Nepo: “A chave para conhecer a alegria é ser facilmente satisfeito “.

 

A gratidão é uma prática de sabedoria

Pode mesmo dizer-se que a gratidão, é o sabor e textura que resultam de um olhar sábio, que compreende a natureza das coisas.

Quando o desenvolvimento da sabedoria leva ao entendimento da interdependência, há um reconhecimento de que não somos apenas um elemento isolado no cosmos. Somos antes seres de contexto, de relação. Somos o resultado dos incontáveis fatores e dos inúmeros encontros que tivemos ao longo da nossa vida. Ao longo da nossa vida fomos recebendo inúmeras lições e bênçãos. Este entendimento alegra o coração, pois momentaneamente libertamo-nos da ilusão de separação que nos aprisiona num “eu” demasiado pequeno e solitário.

A gratidão é portanto uma prática relacional ou de conexão.

Termino este texto com um pequeno conto que nos fala de gratidão.

 

O Presente da Velha Senhora

Havia uma velha senhora que vivia sozinha em uma pequena casa no campo. Ela não tinha muitas posses, mas sempre estava satisfeita com o que tinha. Todas as manhãs, ela agradecia ao sol por nascer e iluminar seu dia.

Um dia, um jovem viajante bateu à sua porta. Ele estava cansado e com fome. A velha senhora o convidou para entrar e ofereceu-lhe um pouco de pão e água. O viajante agradeceu e disse que estava com pressa para chegar à cidade.

Antes de partir, a velha senhora lhe deu um pequeno embrulho. “É um presente”, disse ela. “Abra quando estiver triste ou precisar de conforto.” O viajante agradeceu e partiu.

Meses depois, o viajante estava na cidade e enfrentava dificuldades. Ele se lembrou do presente da velha senhora e o abriu. Dentro havia uma pequena pedra com uma mensagem gravada: “A gratidão é a chave para a felicidade.”

O viajante percebeu que, apesar de todas as suas dificuldades, havia muito pelo que ser grato. Ele agradeceu à velha senhora em seu coração e seguiu em frente com um novo ânimo.

E assim, a velha senhora ensinou ao viajante uma lição valiosa: a gratidão transforma até as pedras mais simples em presentes preciosos.

Que possamos lembrar dessa lição em nossas próprias vidas e cultivar a gratidão todos os dias.”, autor desconhecido.

 

Texto escrito em Abril 2024

Filipe Raposo

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